segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Comemorando a despedida...

O dia 20 está chegando, mas ele já chegou antes mesmo da data marcada...
E lendo Caio Fernando de Abreu, dou voz ao vazio de saudade que corrói meu coração...E homenageio todas as despedidas; sejam elas breves, demoradas, pra sempre, ou até Março...
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Não sei, até hoje não sei se o príncipe era um deles.
Eu não podia saber, ele não falava.
E, depois, ele não veio mais.
Eu dava um cavalo branco para ele,uma espada,
dava um castelo e bruxas para ele matar,
dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse,
fazia com a areia, com o sal,com as folhas dos coqueiros,
com as cascas dos cocos,
até com a minha carne eu construía
um cavalo branco para aquele príncipe.
Mas ele não queria, acho que ele não queria,
e eu não tive tempo de dizer que
quando a gente precisa que alguém fique
a gente constrói qualquer coisa,
até um castelo...
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"- Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.- E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.- Mas não seria natural.- Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem."
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"-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu."
(Silêncio)
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"(...) caímos exatamente na mesma ratoeira, a única diferença é que você pensa que pode escapar, e eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodka, (...)"
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"...Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não conseguirás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele."
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"- Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
- Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
- Vou te escrever carta e não mandar.
- Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
- Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
- Vou ver Saturno e me lembrar de você.
- Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
- O tempo não existe.
- O tempo existe, sim, e devora.
- Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido.
(Silêncio)
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"... Deixa eu te dizer antes que o ônibus parta, que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente, e eu plantasse você esperando ver nascer uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado...”
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É Bem verdade que existe um 'quê' exagero por ele ser um poeta...Mas, são trechos perfeitos...

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