E ninguém tem mais o direito de morrer:
Há um certo tempo, quando ainda trabalhava
em um hospital particular em Fortaleza e dava plantão na emergência, chegou um
garotão bombado com a namorada. Ele estava com virose e foi prescrito uma quantidade X de soro
+ medicações para que ele melhorasse. Enquanto ele estava lá deitado chegou um
senhor em evidente parada cárdio-respiratória seguido de alguns profissionais
do hospital. Enquanto a gente trabalhava na reanimação do paciente o tal rapaz
fazia um escândalo para que tirássemos o soro e ele pudesse ir
embora. Até aí tudo bem, já que ninguém é obrigado a presenciar a morte de ninguém, principalmente que não é da área da saúde, e o fiz bem rápido para voltar à equipe que tentava
salvar a vida do senhor. Pois não é que dias depois fomos (todos que
participaram da reanimação do paciente- que veio à óbito) chamados à direção
para explicar uma carta que o bombado rapaz
escreveu achando um absurdo uma morte na emergência de um hospital. Era uma
situação tão surreal que a explicação que tive, foi que ninguém tem mais o
direito de morrer.
E ninguém mais tem o direito de ser feliz:
Trabalhar no serviço público de uma cidade
onde tudo gira em torno da política não é fácil. Tanto que vez ou outra me
deparo com comentários em blogs bem pesados a cerca dos meus colegas que são do
lado do prefeito (onde faço parte desta turma). Pois semana passada, após
postagem de um destes blogs sobre uma audiência pública mostrando as contas e
ações da secretaria de saúde, saiu um comentário sobre uma foto, que dizia que
eu era feliz demais pra mostrar tristeza com a administração atual. Depois
disso comecei foi a rir. Porquê hoje em dia a gente tem que
justificar até porquê é feliz.
Perdoem o senhor que morreu na emergência
do hospital
Perdoem também meu sorriso.
Às vezes não tem mesmo limite para a
maldade alheia!
2 comentários:
Que absurdo. Acho que não é só morrer que está proibido. Estão querendo é que ninguém mais viva. Humpf!
Verdade amigo!!! Achei um absurdo!!!
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