domingo, 29 de abril de 2012

Preguiça sentimental

Não sei ao certo dizer o nome deste sentimento. Não é tristeza, não é solidão, sequer é saudade.
Não é nada. Não é vazio, não é remorso.
É como se fosse uma tristeza pelas voltas por cima, uma chateação pelos recomeços, uma preguiça sentimental de tocar o barco.
Só não queria sair desta praia, desta areinha branca, que mesmo 'espinhosa' é tão conhecida e tão fácil de ficar.
É uma preguiça pelas novas mensagens, pelas novas saídas, pelos novos olhares.
Preguiça sentimental. Tenho pra dar e vender.
É um sono. É propofol injetado dentro do coração.
Queria dormir. Minha depressão me deixa cansada.
Cansada de tentar achar uma saída. 
É um abraço sem sentimento, é um cheiro que não contagia. É um sorriso falso. 
É uma preguiça de falar.
É pizza comida fria e sem vontade. É leite gelado.
É oferecer o pouco que se tem pela rede no quarto.
É ir embora. É mentir fortaleza. É contar de forma leve o avassalador.
É gostar do telefonema na madrugada. É lembrar da fase ruim e ter certeza que não quer uma volta.
Nem ir nem voltar. Ficar. No canto, quietinha. Deixem-me aqui.
Três dias de sossego em casa.


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Certezas

Talvez fosse melhor visitar outro país, pegar o beco, seguir outro rumo.
Talvez fosse quando melhor seria.
Talvez fosse bom ficar, tentar, explorar.
Talvez a desistência, a aceitação, acreditação. Sei lá.
Talvez aquela parede seja o fim, a bagunça, a sujeira.
Talvez seja tudo louco. Talvez, nada, sei que é.
Talvez a hora da escolha, a decisão.


A calmaria que se merece e se deseja não pode ser rima pra dúvida.

Pra tudo nesta vida há cura

Angelita estava em um daqueles momentos especiais em que tudo se resolve como passe de mágica. De uma forma leve. Sem que se espere nada. Enquanto era beijada na bochecha ininterruptas vezes começou a tocar na rádio uma música até então dolorosa.
Ela se contraiu toda na cama enquanto o cantor internacional repetia inúmeras vezes o refrão.
Angel lembrava que aquela música havia sido lançada há cinco anos, na época do final de um relacionamento cheio de dor e mágoa. E que na época, o então namorado, cantava pra nova namorada, enquanto saía de casa.
Ali deitada seus músculos rangindo nos ossos, a pessoa que estava com ela, começou a cantar o bendito refrão da forma mais engraçada possível, fazendo de propósito uma voz desafinada, mesmo sem saber da aversão de Angelita por ela.
Não tinha como não rir. A música fala da beleza de uma mulher no metrô (coisa assim) e ele a cantava e continuava a dar pequenas 'bitocas' em Angelita.
Foi uma salvação e uma rendição. Tudo junto. Porquê no meio daquela fala desafinada e daquelas gargalhadas, alguém estava realmente, anos depois, rindo com o coração.
Pra tudo há uma cura! Basta esperar o momento certo.