segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Casa limpa

Não dá para zerar o cronômetro, para passar uma borracha, pra esquecer o passado. A alma, o coração ou o cérebro (seja lá onde você acredite que more o sentimento) tem memória aguçada. Não dá pra fazer um click e aparecer todos aqueles sonhos e expectativas de ontem.
Este local, depois do furacão, ficou completamente habitado pela insegurança. Como se depois do vendaval os moradores tivessem construído casas com zinco e chumbo e mesmo assim ainda serem reticentes com qualquer garoa que apareça.
Não é fácil ser quem fui.
Muita coisa mudou. Pra melhor, pra pior. E no balanço das coisas: está tudo muito bem do lado daqui.
Casa limpa, arrumada, pintada. O medo de você aparecer pra bagunçar tudo de novo está vivinho.
E é ele que após os dias de extremo romance vem rondar minha porta recém construída.
Não vai ser nada fácil. E o melhor é você ficar aí. Onde está e de onde nunca deveria ter voltado. Porque por aqui ainda existe muita coisa pra ser lapidada, muito trabalho a ser realizado. E estou com preguiça e dó de estragar tudo o que está praticamente certinho.

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