quinta-feira, 7 de junho de 2012

Perdão


E ninguém tem mais o direito de morrer:
Há um certo tempo, quando ainda trabalhava em um hospital particular em Fortaleza e dava plantão na emergência, chegou um garotão  bombado com a namorada. Ele estava com virose e foi prescrito uma quantidade X de soro + medicações para que ele melhorasse. Enquanto ele estava lá deitado chegou um senhor em evidente parada cárdio-respiratória seguido de alguns profissionais do hospital. Enquanto a gente trabalhava na reanimação do paciente o tal rapaz fazia um escândalo para que tirássemos o soro e ele pudesse ir embora. Até aí tudo bem, já que ninguém é obrigado a presenciar a morte de ninguém, principalmente que não é da área da saúde, e o fiz bem rápido para voltar à equipe que tentava salvar a vida do senhor. Pois não é que dias depois fomos (todos que participaram da reanimação do paciente- que veio à óbito) chamados à direção para explicar uma carta que o bombado rapaz escreveu achando um absurdo uma morte na emergência de um hospital. Era uma situação tão surreal que a explicação que tive, foi que ninguém tem mais o direito de morrer.

E ninguém mais tem o direito de ser feliz:
Trabalhar no serviço público de uma cidade onde tudo gira em torno da política não é fácil. Tanto que vez ou outra me deparo com comentários em blogs bem pesados a cerca dos meus colegas que são do lado do prefeito (onde faço parte desta turma). Pois semana passada, após postagem de um destes blogs sobre uma audiência pública mostrando as contas e ações da secretaria de saúde, saiu um comentário sobre uma foto, que dizia que eu era feliz demais pra mostrar tristeza com a administração atual. Depois disso comecei foi a rir. Porquê hoje em dia a gente tem que justificar até porquê é feliz.

Perdoem o senhor que morreu na emergência do hospital
Perdoem também meu sorriso.
Às vezes não tem mesmo limite para a maldade alheia!

2 comentários:

Mr. Lemos disse...

Que absurdo. Acho que não é só morrer que está proibido. Estão querendo é que ninguém mais viva. Humpf!

Paula disse...

Verdade amigo!!! Achei um absurdo!!!