sábado, 13 de dezembro de 2008

De volta à realidade...


Para me divertir eu poderia inventar muitos fatos e histórias, inventar é fácil e não me falta a capacidade.

Mas não quero usar esse dom que eu desprezo, pois "sentir" é mais inalcançável e ao mesmo tempo mais arriscado.
Sentindo-se pode-se cair num abismo mortal.

O que procuro?

Procuro o deslumbramento.

O deslumbramento que eu só conseguirei através da abstração total de mim.

Eu quero não a idéia e sim o nervo do sonho que resulta na única realidade onde posso encontrar uma verdade.

É como se eu tivesse inventado a vida - e - fiat lux.

Mas o deslumbramento que eu tenho dura o espaço instantâneo de uma visão e eis-me de novo no escuro.

Como posso subir, senão aceitando minha miséria humana.


(Clarisse Linspector)






Clarice leu mais uma vez o livro de *Clarice e encontrou frases que calçavam como luva... Esperando o almoço e a companhia, de frente para o mar, ela se permitiu lembrar, coisa que haviam-se prometido não fazer no momento da, talvez ,última despedida...

Lembrou, sorriu e despediu-se para sempre no momento em que a mão firme do seu companheiro tocou suavemente seu ombro.

De volta à realidade...Pensou Clarice...

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