sábado, 20 de dezembro de 2008

Rua nove...



Pensando no teor de rancor ao meu redor, parei em frente à rua nove, e tive medo de entrar.

Como pode: medo sim, rancor não?

Paradoxal demais!


Caminhando me deparei com paredes parecidas com as que existiam quando morei ali...Porém nada mais em mim era tão inocente quanto naquela época.

Entrei na casa amarela de número doze; Ele estava sentado no sofá lendo o jornal, e me perguntei como havia sobrevivido sem alimento, sem água, só assim sentado à mingua por tanto tempo!
Porém, a esta altura isto já não era problema meu...

O mal cheiro ardia no nariz, mas eu precisava olhar novamente.

Olhei e disse que queria partir, e de vez...

Outra vez ele não acreditou. Não o culpei pela descrença, culpei a mim mesma e as últimas atitudes...

Ele saiu para comprar algo. Talvez algo que o fizesse esquecer. E desejei que ele também trouxesse para mim.

Mas, decidi não esperar; saí logo atrás, tranquei a porta e joguei a chave no jardim...

Dessa vez sem nó no peito...

Não levei nada e não deixei nada para trás.

Saí leve...

A chave caiu entre as pedras e eu espero que ele a procure lá, caso esqueça a sua quando voltar...

Olhei e vi a rua de volta inteira à minha frente.

Acho que levará alguns dias para que ele perceba que sua voz há muito tempo já não me fazia sorrir...

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